

POR AQUI se podem calcular algumas das razões por que que um dia, depois de ter pegado no projecto com entusiasmo, fechei a porta e fui pregar para outra freguesia, porque não conseguia entender-me com quem queria impor-se, com prepotência, nos assuntos da direcção do jornal.
É que, quem não tenha bases jornalísticas, não tem hipótese de ir a qualquer lado, a não ser que ainda tenha quem leia e não perceba.
Embora com alguma relutância, mas porque entendo que o assunto é sério, este de escrever para uma, mesmo que reduzida audiência, aqui vai mais um naco de prosa, em que a revisão ficou no tinteiro, e em que o autor, convicto de que é jornalista, assina, com despudor, um artigo em que lhe falta a língua para dizer amor.
Atenção: ele aqui vai. E é o editorial, cujo título saliento no canto superior direito, em que é preciso respirar fundo para ultrapassar toda a falta de pontos e parágrafos:
"Meus caros leitores muitas vezes chego a pensar que o homem é tão parecido com as marionetas que me parece que o nosso destino e o programa da vida das pessoas está pré determinado à nascença, e mais parece um vamos fazer para outros desfazerem, uns constróem outros fazem a demolição [por alguma razão o autor é construtor civil], enquanto andam milhões de pessoas a trabalhar em investigação em meios de tratamento da saúde, outros encarregam-se de matar que seja o simples suicídio ou o fomento das guerras ou os acidentes de viação ou os acidentes aéreos, enfim uns lutam pela vida ou sua ou dos outros, e outros tantos matam-se e não basta a morte natural ou por velhice, ou por deoença que essas são as causas mais naturais no percurso da vida que obedece às leis e regras da humanidade, desde os primórdios dos tempos, mas é preciso ainda que alguns senhores donos do mundo provoquem povos de outras crenças e de outros costumes declarando-lhes guerra destruindo pelo caminho milhares de vidas de crianças, mulheres e homens indefesos e inofensivos, verdadeiros inocentes que lutam e morrem quase sempre sem saber porquê, que tristeza, o que mais nos custa é que por vezes não se morre fisicamente mas ficamos mortos na nossa dignidade se nos morre um ente querido ouse nos destroem os nossos bens, se nos violam as nossas mulheres, não valeria mais nós também termos ficado no conflito, será que depois disto a vida faz algum sentido?"
Que tal esta beleza de hortaliça? E depois, a imprensa regional queixa-se de falta de apoios!
É que por uns pagam a fava os outros! Faltou-me o fôlego mas consegui transcrever a maior parte deste editorial impressionante...
AJM