Naval pode ganhar na secretaria o que perdeu no campo
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"Meyong, de salvador a pesadelo no Restelo
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Azuis arriscam 6 pontos
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"Meyong, o salvador." Unanimemente, a imprensa destacou a importância do reforço de Inverno do Belenenses, autor de um golo, na vitória frente à Naval, anteontem. Mas em apenas 24 horas, o mesmo Meyong transformou-se num pesadelo para o clube do Restelo, que arrisca perder seis pontos - descendo do 8.º lugar para o 12.º - e pagar uma multa que pode chegar aos dez mil euros.
Ao que tudo indica por uma falha grave que é da exclusiva responsabilidade do próprio Belenenses e que poderá provocar a saída do director desportivo Carlos Janela.
O avançado camaronês foi utilizado de forma irregular na última jornada, uma vez que infringiu os regulamentos da FIFA, os quais só permitem que um atleta jogue em dois clubes diferentes na mesma época.
E Meyong já leva três clubes: Levante, pelo qual apenas disputou 12 minutos, Albacete, onde realizou vários encontros, e agora Belenenses, pelo qual se estreou anteontem mas onde já tinha actuado em 2005/06. Curiosamente, nesta época a equipa do Restelo desceu de divisão mas acabam por voltar a subir, numa decisão de secretaria, devido ao "caso Mateus", que também começou com a inscrição irregular do angolano.
Mas Meyong, de 27 anos, até estava bem inscrito (a Federação Portuguesa de Futebol reconheceu a sua inscrição e informou o Belenenses no dia 11 que a transferência tinha sido aceite), só que não podia jogar. Ou seja, o clube contratou um jogador que não podia utilizar em encontros oficiais, nem em Portugal, nem em nenhuma Liga cujo campeonatos terminem a 30 de Junho.Segundo a FPF, o processo de inscrição do atleta respeitou "todos os requisitos" e cabia ao Belenenses "a decisão de o utilizar oficialmente". O que não podia ter acontecido. "Não sabia que ele já tinha jogado por dois clubes. Desconheço os regulamentos", comentava ao final do dia o presidente do Belenenses, Cabral Ferreira, no intervalo de uma das várias reuniões que manteve durante o dia para abordar o "caso Meyong", com a equipa técnica, direcção e departamento jurídico, que está a preparar uma acção de defesa, para ser entregue à Liga de clubes, cuja sua Comissão de Disciplina vai analisar a eventual infracção a aplicar. Cabral Ferreira reconhecia o desconhecimento dos estatutos, mas também lembrava que existem profissionais que se ocupam dessas situações. Carlos Janela, director desportivo, é um deles, pelo que era esperado que colocasse o seu lugar à disposição.
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A falha belenense é tanto mais "aberrante" quando se ouve o presidente da Naval, Aprígio Santos, afirmar que horas antes do início do jogo foi alertado "por alguém" para o cenário da eventual utilização de Meyong. "Nem quis acreditar. Fiquei caladinho a ver o que acontecia e aconteceu mesmo...", disse o líder da Naval, que poderá beneficiar com a atribuição de três dos seis pontos que o Belenenses arrisca a perder".
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Assinado por SÍLVIA FRECHES in Diário de Notícias on line
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