A Figueira da Foz sempre foi louvada pelos mais diversos processos, incluindo, com notoriedade, a poesia.Em 1929, José Ramalho Nunes, que nascera numa povoação do concelho de Soure (Ramalheira), foi residir em Buarcos (Figueira da Foz), onde faleceu em 17 de Fevereiro de 1942, com a idade de 78 anos.
Publicou vários livros de poesia, como "O teu seio", "Meu preito a Margarida", "Teus olhos", "S. João", "Suspiros da praia", "Versos a S. João", "Saudades da Fornalina", "Em férias", "O S. João da Figueira" e, em 1929, "CANTIGUINHAS FIGUEIRENSES", cuja capa aqui reproduzo e de que extraí algumas quadras.
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Curiosa a dedicatória: "Aos meus amigos e às Exm.ªs damas desta graciosíssima cidade que, desinteressada e jubilosamente, têm dado e dão o seu inteligente e dedicado esforço para o progresso e bom nome de sua terra."
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As conchas cristalizantes
destas pérolas sem par...,
São, Figueira, os teus encantos,-
Jardinzinho à beira-mar.
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Eu casei-me na Figueira
Em Maio, linda estação;-
Madrinha: Nossa Senhora;
Padrinho: São-Julião.
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Se Buarcos é uma flor,
É a Praia um ramalhete...
A Figueira é um jardim
Rescendendo a limonete.
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Meu amor é da Figueira,
Mora ao fim da Rua Bela:
Um canário na gaiola,
Dois craveiros à janela.
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Nasci na Rua das Rosas,
Na dos Cravos tive amores;
Noivei num domingo em Maio,-
Minha vida é entre as flores.
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Velha rua de Buarcos,
De tranquilas tradições,
Hoje rua de ... automóveis
Que parecem ...furacões!...
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Linda Praia de Buarcos,
Aonde eu tenho o meu posto,
Que pena não teres no ano
Treze meses como Agosto!...
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Santo António e o Faria
Dos caixões para defuntos,
São amigos tão leais
Que até vão à missa juntos...
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Versos simples mas que mostram a dedicação que Ramalho Nunes tinha pela Figueira da Foz.